terça-feira, 23 de abril de 2013

                    Arcanos 2 e 21



Pensar e não apenas pensar
contemplar. Deixar os pensamentos
navegarem placidos
na corrente do rio.
 
Logo estar integrado
e pouco além vendo tudo. Passa já por nós
o que também é distante e o passado é presente.
Ouve-se música ou melhor sente-se a música
e todo o corpo é como arpa
ansiando por vibrar.
 
Pensar
contemplar os pensamentos
não apenas pensar.
 
Ficar em real silêncio
o toque não foi suave
como nos outros dias.
Foi rude. Lembrou-me o som de granizo
à janela, durante chuva repentina
de verão.

Fui à janela e a abri.
Nada. Ninguém.

Parecia que alguém se despedia
e lembrou-me um sonho que tive
e que a memoria se recusa
a recordar.

Disse de qq modo
em tom alegre para minha alma ouvir:
até mais ver. Foi bom foi muito bom.

Voltei a dormir
Dúvida
 
 
Devem ser marcas o que vejo
pois não saem
mesmo com as tempestades.
 
É sempre ao meio dia e estão ao longe
chegando perto quando me aproximo
e fugindo quando tento tocar com as mãos
e não apenas com os pensamentos.
 
Coisas estranhas...
parecem marcas. Não são algo que criei.
 
Ou são?

sábado, 23 de março de 2013


Como um toque suave na face
e um sorrir com os olhos
de maneira pensativa
olho em volta...
 
e a árvore dos meus sonhos
resplandece.
 
Não quero mais nada
nesta vida

sábado, 16 de março de 2013


Antes do início
uma pausa
para o necessário repouso.
...
A árvore de minha infância -
 
de sua sombra eu contemplava
o meu horizonte! -
 
hoje
tem outras raízes.

segunda-feira, 11 de março de 2013


Só um leve boa tarde. Faz frio

O grito da criança
dasapareceu aos poucos
mas não era triste. Era brincadeira
da mesma maneira que apenas crianças sabem brincar.
 
E num instante toda minha vida passou
como páginas de um livro. Não apenas da infância
não apenas de pés no chão
jogando bola com o Guinho.
 
A aparente futilidade de tudo me envolveu
e cobri-me por completo
fugindo de tudo.
 
Isso fiz por anos. Anos e anos
e agora que quero me descobrir
já não sei como.
 
Tirei o cobertor várias vezes
mas continua em meu corpo como mortalha -
e não sai.
Tentei esquecê-lo, mas fica qual tatuagem -
e não sai.
Pedi ajuda ao guardião
mas torna-se pesado e me agonia -
e não sai.
 
Ensombrece mais ainda minha sombra
 
mas quando o contemplo como algo fútil
que sempre foi
sai afinal e  fico exposto,
como criança, aparentemente ingênuo
lúcido...
 
Só neste momento
meu amor de alma
fale comigo.

Se seduz ou reluz
será normal?
Talvez pelo que é
simplesmente pelo que é
deveria traduzir.

O resto é maquiagem
que esconde
e forja outras coisas além de si.

Por que digo isto
desta maneira em tom apressado
e fugindo de mim
eu não sei.

Talvez o que traduz quando vejo
com olhos de verdade
são apenas sombras que fogem de mim.

Ou talvez apenas por ser vontade de falar
após noite cansada de dormir